sábado, dezembro 25, 2010

Há Vidinha em Samuel - Pseudo-burocracias alimentares...

Esta rubrica tem estado mais ou menos parada, eu sei… Mas compreendam que a falta de tempo (ou a má rentabilização deste) tem sido uma constante nas minhas últimas semanas: diz que é uma espécie de terceiro ano do curso de enfermagem…

Ora bem, o que me traz hoje ao papel tem que ver com uma cena mais ou menos sem sentido (pelo menos na minha cabeça) que me aconteceu há uns tempos… Passo a explicar o tal episódio:

Eu, e mais uma boa meia dúzia de amigos, decidimos ir à Telepizza (ups, falei em marcas!!! até apagava, mas a tecla delete está encravada…) e, aquando do pedido, e visto sermos um número considerável de pessoal, pensamos em comprar duas garrafas de um litro e meio de Coca-Cola (publicidade de novo!!! irra!!!). Bela ideia, pensávamos nós: para além de ser mais prático, até poupávamos mais alguns trocos… Mas (há sempre um “mas”), qual não é o nosso espanto quando a simpática senhora do balcão nos diz que não nos podia vender tal produto… Ao ouvir isto pensei: “Han??? Querem ver que a Coca-Cola voltou a ter substâncias ilícitas e a senhora duvida da nossa maioridade ???”… Como esta dúvida só me fez sentido durante uns segundos, até porque é parva, rapidamente questionei a senhora do porquê de tal nega… Ela disse-me algo do género: “as garrafas grandes são exclusivas à promoção &/(€%$># (sim, porque a Telepizza tem mais promoções que os hipermercados nacionais todos juntos…) e, assim sendo, só estamos autorizados a vende-las nessas condições…”

Agora questiono-vos: isto tem alguma lógica???

Perder uma oportunidade de lucro para se colarem a uma promoção qualquer???

Querem ver que a burocracia barata já chegou à comida (cara, diga-se)???

Permitam-me: pelo amor de Deus!!! Qualquer dia, para comermos uma mísera fatia de pizza temos que ser obrigados a comprar uma lata de uma bebida qualquer, um pão de alho com mais ingredientes do que a própria fatia e, se nos portarmos bem, por mais dois euros, temos direito (sim, porque aquilo trata-se de ter direito, não há cá o simples pagar para ter…) a mais uma fatia com um ingrediente… Um ingrediente e meio, se tivermos sorte…

Saudades das velhinhas tascas em que podíamos pedir o que quiséssemos, comer o que quiséssemos…

A Telepizza (não só a Telepizza, atenção...) chegou a tal ponto nas suas pseudo-burocracias que, se lá chegarem dois indivíduos, e se um a pedir apenas uma fatia de pizza e o outro uma fatia semelhante e uma bebida qualquer, o primeiro paga mais do que o segundo…

Para além de isto não ter pinga de lógica, até penso que dará prejuízo… Ou melhor, dará menos lucro… Sigam o raciocínio:

Tentem ver isto no sentido da loja e não do consumidor...

Imaginemos que a bebida custa X, a fatia Y, e os dois juntos Z…

O primeiro indivíduo compra apenas a fatia: dará como lucro uma boa parte de Y pois esta compra não encaixa em qualquer promoção…

O segundo indivíduo, o da bebida e da fatia, dará dinheiro referente a Z… Mas esse lucro será mais reduzido pois é preço de promoção… Isto é, é manifestamente menor que a soma do lucro de X com Y…

Resumindo, e uma vez que acho que estou a ser relativamente confuso, quero com isto dizer que se deixassem o cliente escolher o que de facto este quer escolher, talvez fizessem mais lucro… Não só pelo raciocínio acima, mas também pelo facto do cliente se sentir mais “livre”: não se sentir “obrigado” a comprar algo para ter o que realmente quer ter… No fundo, quem é que gosta de ser obrigado a algo??? Ok, os sado-maso até gostam… Mas enfim…

Então se isto não faz sentido, e se teoricamente minimiza os lucros, porquê que a Telepizza o faz???

Bem perguntado, sim senhor… Pois cá fica a minha resposta: as pessoas são manifestamente estúpidas, tendem a cair nas promoções… Isto porque, lá bem no fundo, as promoções são promoções, e esse simples facto basta para as pessoas morderem o anzol com um sorriso nos lábios…

Ao existirem muitos peixes-parvos, naturalmente faz-se lucro…

Perdoem-me se estou a cometer um erro de análise comercial mas, na minha cabeça, e seguindo os conhecimentos que tenho do assunto, tudo isto não me faz sentido…

Em jeito de paródia, e esquecendo a lógica sem lógica explicada acima, sigam lá o seguinte diálogo que mostra a estupidez o cliente normal:

Indivíduo estúpido que até dói - “Olha, se comprar um pão de alho, por mais míseros dois euros posso beber uma cocacolinha fresquinha!!!”

Indivíduo céptico mas que mesmo assim se dá com indivíduos estúpidos que até doem - “E quanto custa a Coca-Cola???”

Indivíduo estúpido que até dói - “Um euro…”


(e, contentamente, os dois entraram na promoção...)







PS: Há links aqui no blogue que não estão a funcionar devidamente, já sei... Tratarei disso em breve... Obrigado...