domingo, dezembro 27, 2009

Há Vidinha em Samuel - Partilha de paredes e não só...

Os meus leitores mais atentos sabem algumas coisas da minha vida… Sabem que sou nortenho, portista, estudante de enfermagem na Escola Superior de Saúde de Portalegre, que fantasio com um par de nepalesas mamalhudas e que acima de tudo adoro cozido…

Já vos escrevi, há uns episódios atrás, sobre algumas coisas que me atormentaram quando encarei a realidade alentejana… Nomeadamente, a moda das sapatilhas de montanha usadas em ple(a)na planície e o facto de existir um edifício de nome Navio a 200km de águas marítimas…

Outra coisa que complicou a minha adaptação foi o facto de ter ido viver para um apartamento… Nunca tinha vivido num apartamento, sempre vivi em casas, daquelas com muito espaço, jardim, árvores, vizinhas nepalesas e pelo menos meia dúzia de metros entre as nossas paredes e as paredes do nosso confinante, enfim, daquelas casas onde se pode gritar os golos dos adversários do Benfica até às três da manhã sem ser incomodado por uma senhora de roupão…

Ainda hoje tenho alguma dificuldade em lidar com fenómenos que só acontecem nos apartamentos… Em primeiro lugar, e quem me conhece pessoalmente sabe muito bem disso, é que eu vivendo num andar, não consigo conciliar o tempo que faz na rua com a roupa que visto quando saio para a mesma… Isto é, sou muito capaz de, em pleno dia de nevão, sair à rua de t-shirt, calções e havaianas… Devido ao facto de esta situação estar constantemente a acontecer, desenvolvi uma estratégia que na maioria dos dias resulta… Basicamente consiste em ir à janela antes de escolher a roupa a vestir… A primeira pessoa que eu vir na rua, faço um esforço para me vestir como ela… Claro que se vir a Dona Gualterdina não saio à rua de saia, salto alto e soutien de dimensões astronómicas, daqueles que precisam de duas etiquetas só para os algarismos correspondentes ao tamanho do mesmo… Nesse caso, obviamente que opto pela segunda pessoa que apareça na rua…

Outra dificuldade tem que ver com o saber do tempo que faz lá fora, não com o objectivo de sair à rua, mas sim com o objectivo de simplesmente saber, até porque o meu pai, quando lhe ligo ao fim do dia, gosta de gabar o tempo que faz no norte em relação ao que faz no Alentejo… Dá sempre jeito saber se está a chover para se ter uns cinco minutos de conversa altamente intelectual… Ora, num apartamento, eu nunca sei que o som que estou a ouvir é realmente o som da chuva a cair no telhado, ou se é a infecção urinária do vizinho de cima, não sei se está a trovejar ou se é apenas a digestão da feijoada à transmontana da dona Gualterdina… Entendem-me???

Obrigado pela compreensão…

Depois há aqueles pormenores que, quem sempre viveu num apartamento já não nota, e que um saloio vindo de uma aldeia à beira douro plantada repara… Aqueles sons vindos do corredor, o subir e descer de escadas, o mexer em chaves, o simples falar faz-me confusão… Penso sempre que se trata de algum violador de 50 anos que me vem arrombar a porta para comigo praticar o amor de forma animalesca… Depois acabo por ficar triste ao saber que era simplesmente o vizinho da frente a trocar ideias com o álcool que este traz no sangue e a rogar caralhadas às chaves, pois estas não entram na fechadura…

Sério, tudo isto pode parecer um conjunto de baboseiras sem sentido, mas a verdade é que me arrepio todo sempre que isto acontece… Para que isto não volte a acontecer, eu deixo aqui uma eventual solução: violadores de 50 anos, se me estais a ler, peço-vos que não façam muito barulho no corredor… Não tentem arrombar a porta... Batam simplesmente… Eu prometo portar-me tão mal como de um arrombamento se trata-se… Se é que me entendem… Sim… Eu acho entendem…

5 comentários:

Anónimo disse...

olá, eu sou um violador de 50 anos e quero possuir-te à bruta

Samuel Vidinha disse...

Ok...

Tem é de ser para a semana...

Estou com o período...

Ticinha disse...

Samu...
Como eu te compreendo...tal como tu sempre cresci numa casa em que posso fazer o barulho que quizer e "berrar" com a minha mãe cada vez que o sporting marcar 1 golo ou dar murros na mesa quando sofrer...Agora na minha situação alentejana, passo a noite a ouvir os meus vizinhos do lado, que nem são do mesmo prédio, aos berros e olha que ando cheia de medo...acho que são ciganos...também queres ficar com eles???
Parabéns pelos teus textos...beijinhos

Anónimo disse...

LOL

Samuel Vidinha disse...

Patrícia, deves dar tantos murros na mesa... Tu ouves os teus vizinhos aos berros, eu acredito que há quem ouça coisas bem piores... Digo eu...

Obrigado, beijo




Anónimo, lol para ti também...